"O Povo que Marinou".....
Esse é o titulo da matéria de Capa da Semana da Revista ÉPOCA.
Tem algo mais surreal na política do que o "personalismo" ?
Personalismos são o que há de pior no Regime Presidencialista.
Em sociedades arcaicas, com baixo nível cultural e educacional, e que apresentam democracias rasas e recentes, o personalismo se introduz no seu epicentro corroendo seus valores e pilares fundamentais.
A consequência é a pior possível
Passamos a depender e viver exclusivamente de mitos e "messias".
Exemplos na América Latina são muitos.
Na Europa, por apresentar governos majoritariamente parlamentaristas, os "mitos" e "messias" raramente são produzidos. E, quando o são, rapidamente são ejetados.
A República no Brasil tem pouco mais de 100 anos.
Nesse período, governos democráticos são mais recentes. Convivemos nos últimos 70 anos com a ditadura do Estado Novo, "não sem querer", produzida a partir de um governo "personalista" e messiânico como o de Vargas, o "Pai dos Pobres".
De forma efêmera, Juscelino Kubitschek nos proporcionou ares "menos midiáticos", sem, no entanto, retirar da liturgia da República o "personalismo".
A ditadura militar dos anos 60, 70 e boa parte de 80 "atrasa" a democracia brasileira e contribui para jogar a nossa recente República de volta para os "salvadores da pátria".
Fernando Collor de Mello, o primeiro Presidente eleito democraticamente após a ditadura militar, é o "caçador de marajás".
Ele era "diferente" de tudo que estava postado ali, naquele momento.
"Eu posso", eu "sou", "eu vou", atitudes inerentes ao famigerado e destrutivo "patriarcalismo" do Regime Presidencialista".
Não dialogava com os amplos setores da sociedade; o resultado não era muito dificil de prever. Instabilidade política que resultou no seu Impeachment.
Como o Brasil foi lançado para o fundo do poço, e ninguém quis "resgatá-lo", a bola sobra para um "acadêmico".
"Coitado" do "acadêmico"........
Paradoxalmente, a "República" é salva pelo "acadêmico".......sem populismos, sem "personalismo", sem "patriarcalismo", sem qualquer tipo de "ismo"....
Crises lá, cá, acolá, erros , acertos e, 8 anos depois, o Brasil sobrevive com um saldo pra lá de animador.
Mas, a sombra dos "ismos" da democracia latino-americana sempre à espreita estava lá.
Nascido, criado e alimentado no berço do sindicalismo brasileiro, o Partido dos Trabalhadores tem como seu principal articulador e líder, o novo "pai dos pobres", Luis Inácio Lula da Silva,
E, voltamos para o"personalismo" no ano de 2003.
E, nesse ponto, a nossa pobre e recente "República" é lançada para um dos mais espetaculares "booms" das commodities.
O preço do minério de ferro, uma das principais pautas de exportações do Brasil, sobe 400% entre 2004 e 2010, portanto, em apenas 6 anos.
Os preços das commodities, como um todo, sobem aproximadamente 300%.
É nesse contexto que o "mito" ganha força.
Como "tudo acaba" num dia, o "boom das commodities" não foi diferente.....os preços começam a ceder;, o "patriarcalismo" se lambuza em excesso e os desequilíbrios se intensificam.
A "corda começa a roer".........
A economia "vaza água" pra todos os lados.....
Mudanças são necessárias......o povo exige............
"Eu sou diferente de tudo que está aí"......"eu sou"....."eu posso"......."eu não dialogo com forças retrógradas"........
25 anos depois de Collor, 12 anos depois de Lula, a mensagem não mudou.......
"Marinar", "Marinou" significa isso......
"O que você pensa sobre "Economia"
"Qual sua coerência histórica ?"
"Qual sua coerência partidária ?"
"Qual sua direção econômica ?"
" Você dialoga ?"
Não interessa........
"Eu sou diferente de tudo que está aí"......"eu sou"....."eu posso"......."eu não dialogo com forças retrógradas"........
Isso é a pior face do Presidencialismo.........
Não vamos a lugar nenhum assim......ficaremos "rodando em círculos"...
Abaixo, resgato o meu texto de 10 de agosto de 2014, portanto escrito há 20 dias; 1 semana antes da trágica morte do ex-presidenciável Eduardo Campos.
Parece que eu "estava adivinhando"
http://pracompraroupravender.blogspot.com.br/2014/08/brasil1954-1964-1974-1984-1994-2004-e.html
Brasil...1954, 1964, 1974, 1984, 1994, 2004 e 2014....pontos de inflexão
Tudo começa no dia 05 de Agosto de 1954.
No dia 05 de agosto de 1954, o então jornalista Carlos Lacerda, e também principal opositor ao então Presidente da República do Brasil Getúlio Vargas, sofre um atentado na Rua Toneleros, em Copacabana, cidade do Rio de Janeiro.
A notícia se espalha "como um raio" e foi o estopim pra mais grave crise política pela qual o Brasil passou; 38 anos mais tarde, uma crise da mesma proporção teria inicio com o Impeachment do Ex-Presidente Fernando Collor de Mello.
Getúlio Vargas, que governava o Brasil pela segunda vez, já sofria uma pesada oposição de Carlos Lacerda. O atentado dá ao contexto político da época contornos dramáticos.
As consequências eram difíceis de prever, mas nada, e ninguém, imaginava o que viria adiante, mais precisamente naquele fatídico 24 de agosto de 1954; o suícidio do então Presidente da República, Getúlio Vargas.
O Brasil demora a retomar "seus dias normais"; as instabilidades política, social e econômica continuam, mas sopros de mudanças e esperança tomam conta do brasileiro quando Juscelino Kubitschek assume a Presidência em 1956.
ANO 1964
Pobre Brasil...
Os espasmos de esperança começam a sofrer novo revés quando o então Presidente da República, Jânio Quadros, renuncia ao cargo em 1961, abrindo espaço para o vice-presidente João Goulart, ou simplesmente "Jango".
A instabilidade política volta, Jango dá sinais ambíguos a todo momento e o Brasil revive o mesmo pano de fundo do ano de 1954.
O ápice é representado pelo dia 31 de março de 1964, apenas 10 anos depois do suicídio de Getúlio Vargas.
Os militares tomam o poder e, no dia seguinte, em 01 de abril de 1964, o "ex" Presidente João Goulart voa para o exílio.
Em 15 de abril de 1964, assume a Presidência da República o Marechal Castelo Branco.
A instabilidade política ainda permaneceria por um bom tempo e, em 13 dezembro de 1968, o "Ato Institucional número 5" concede poder ao Presidente da República para dar recesso às "casas legislativas", Congresso Nacional, Assembléias Estaduais e Câmara de Vereadores; assim como poder para cassar direitos políticos de deputados federais, estaduais e vereadores
ANO 1974
O Brasil entra a década de 70 mergulhado no que se convencionou chamar de "O Milagre Econômico Brasileiro".
A despeito de um momento político conturbado, a economia ia bem. Altas taxas de crescimento empurravam a classe média para o "paraíso".
Empréstimos externos vultosos eram tomados pra financiar obras gigantescas "Brasil" afora, como as polêmicas Usina Nuclear de Angra dos Reis e a "Transamasônica"
Tudo ia bem no início dos anos 70 se não fosse pela proximidade do "fatídico ano 4".
Ao final de 1973, tem-se inicio o "Primeiro Choque do Petróleo". O primeiro trimestre de 1974 marca o topo da crise, com o barril de petróleo atingindo o patamar de US$ 50, mais do que o dobro da média de US$ 18 do final dos anos 60 e início dos anos 70.
O ano de 1974 marca o início de um período sombrio para a Economia Brasileira.
As taxas de crescimento despencam; os vultosos empréstimos externos foram impactados fortemente pelo aumento das taxas de juros americanas, dada a pressão inflacionária que veio junto com o "choque", e a inflação brasileira, que, diga-se de passagem, vinha numa tendência declinante, volta a subir.
O Brasil viria a mergulhar num longo período de "escuridão" nos anos seguintes; nos planos político e econômico.
Vejam abaixo os 4 principais gráficos que refletem os momentos "pré e pós 1974"
1 - O barril de petróleo explode
fonte: macrotrends.net
2 - As taxas de juros americanas aumentam (aqui refletida nos títulos de 10 anos do Tesouro Americano)
Período 1972-1985
3- A inflação brasileira reverte a tendência de baixa no início de 1974; de "quase zero", chega a bater 15% ao mês em menos de 15 anos. No início dos anos 90, bate a inacreditável marca de 80% ao mês.
Inflação mensal BRASIL - 1939-2014
fonte: Banco Central do Brasil
4 - O PIB despenca nos anos seguintes a 1974; depois de atingir 13,97% de crescimento no ano de 1973, chega a atingir uma queda do PIB de 4,25% no ano de 1981
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 1984
10 anos se passaram da ressaca do "Milagre Econômico", e o Brasil ainda caminhava na escuridão.
No entanto, do lado político, novas esperanças sopravam. Os militares começaram a ceder já no final dos anos 70, mais especificamente ao longo do governo do Presidente João Figueiredo; a Lei de Anistia em 1979 é o primeiro passo.
Outros sinais também eram emitidos numa direção mais conciliatória do lado dos militares.
A pressão popular também "ajudava". Mas, ainda faltavam as eleições diretas para Presidente. O povo queria um presidente civil e eleito pelo voto "direto".
Vieram as "Diretas Já" em 1984........uma iniciativa que toma forma com a emenda "Dante de Oliveira".
Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas em São Paulo e no Rio de Janeiro para pedir "Eleições Diretas" para Presidente no início de 1984
Infelizmente, a "Emenda" é rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Entretanto, os militares voltam a acenar positivamente ao cederem ao apelo popular e permitirem uma espécie de "transição política".
O novo Presidente seria eleito por uma votação "indireta"; agora, caberia ao Congresso, de forma indireta, por votação simples, eleger o novo Presidente da República, que tomaria posse em 1985.
2 nomes foram colocados para o Congresso.
Paulo Maluf e Tancredo Neves; esse último, o representante maior da oposição ao Regime Militar naquele momento.
Era em Tancredo Neves que o povo brasileiro "depositava todas as suas fichas" para um novo momento, político e econômico, a partir de 1985.
Tancredo Neves é eleito pelo Congresso (Colégio Eleitoral) em janeiro de 1985 ,
Um dia antes de tomar posse, é internado; não sairia mais do hospital.
Em 21 de abril de 1985, Tancredo Neves falece, e assume o Vice-Presidente José Sarney.
ANO 1994
10 anos de absoluta escuridão; esse foi o retrato do Brasil de 1984 a 1994.
O Brasil era um "doente" sob todos os aspectos.
Hiperinflação, com índices inflacionários, como já colocado, beirando os incriveis 80% ao mês, vários planos econômicos, vários cortes de "zero" na moeda pra "disfarçar" o "surrealismo" da situação; mudanças de moeda, congelamentos de preços, vários congelamentos de preços, caos nas finanças públicas, greves espalhadas por todos os segmentos econômicos.
Um país à deriva.......pra piorar, um calote na dívida externa brasileira em 1987, um "confisco" do "meio circulante" durante o Plano Collor em 1990, e um impeachment do Presidente da República Fernando Collor de Mello em 1992.
Eleições diretas para Presidente estavam marcadas para outubro de 1994.
Exceto uma "meia dúzia de gato pingado", o povo brasileiro já não dispunha de forças pra nada.....
Um país no fundo do poço e governado pelo "antes" Vice-Presidente Itamar Franco. Praticamente 2 anos para "empurrar" o país pra "sabe Deus onde" até as eleições de 1994.
Ainda assim, dentro desse contexto absolutamente negativo, o Brasil começa a ver uma "luz no fim do túnel".
O Presidente Itamar Franco convida o então Ministro das Relações Exteriores e Senador, Fernando Henrique Cardoso, para assumir a pasta do Ministério da Fazenda.
E as coisas começam a mudar......
Mais um ano com "final 4" se aproximava, e Fernando Henrique tinha vários nomes na "cabeça"......
Todos eles ligados a PUC-RJ e, muitos deles ligados ao PSDB, o partido de Fernando Henrique.
Fernando Henrique conhecia André Lara Resende e Pérsio Arida......e ambos já haviam escrito um paper chamado "LARIDA" para o meio acadêmico, lá em 1984 .....
Em essência, o paper rascunhava um mecanismo de combate a inflação brasileira por meio de uma "moeda virtual".
Era o "princípio" que nortearia a "URV", criada em 01 de março de 1994, e que iria se transformar no "REAL" em 01 de julho de 1994.
Com o Plano Real, a inflação brasileira praticamente evapora (Vide gráfico abaixo).
O Brasil ganhara um "bilhete premiado"........resgatávamos a nossa dignidade.....tínhamos uma moeda decente......que não desvalorizava.....poderíamos fazer orçamentos realistas......tabelas realistas....planejamentos realistas.......
Enfim........as esperanças se renovavam......
Inflação Brasileira - Mensal - período 1939-2014.......Plano Real marcado
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 2004
Com turbulências ao longo do caminho, Crise do México em 1994, Crise da Ásia em 1997, quebra do fundo de hedge LTCM em 1998, Crise da Rússia em 1998, o Atentado Terrorista de 11 de Setembro de 2001, tudo isso com uma desvalorização do câmbio em 1999, tornando-o "flutuante", não podemos dizer que o saldo de 1994 a 2004 tenha sido ruim.
A inflação continuava medianamente comportada, e isso ajudava no gerenciamento de outras variáveis macroeconômicas.
Mas, eis que surge, justamente num ano "terminado em 4", um componente que poderia colocar o Brasil em novos arranjos, de forma a jogá-lo, definitivamente, em novos patamares.
A Explosão das commodities.
Um componente de grande peso nas exportações brasileiras e vetor importante na dinâmica dessa economia.
Vejam no gráfico abaixo, fonte "FMI", a dinâmica das "commodties" entre 1980 e 2013.
A Linha em "azul" corresponde a "todas as commodities"
A Linha em "vermelho" corresponde aos "metais", aí incluso o minério de ferro, item de forte peso na pauta de exportações brasileiras.
gráfico criado a partir de dados "FMI" aqui disponíveis: http://www.imf.org/external/np/res/commod/index.aspx
O índice para "todas as commodities" sai de 50 no início dos anos "2004" para cerca de 200, 10 anos depois, um aumento de 4 vezes
O índice para "os metais" sai de 50 no início dos anos "2004" para cerca de 250, 10 anos depois, um aumento fantástico de aproximadamente 5 vezes
As reservas internacionais brasileiras explodem; saem de cerca de US$ 50 bi para US$ 375 bi nesses mesmos 10 anos
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 2014
E o que fizemos nesses 10 anos ? O que fizemos com essa dinâmica positiva ?
Mudamos nossa matriz de exportações pra não dependermos mais dos eternos preços oscilantes e sazonais das commodities ?
Fomos "sócios" das indústrias para que elas aumentassem sua participação na economia, seja por exportações ou não ?
Fizemos uma Reforma Tributária pra que continuássemos com a inércia positiva que vinha de 1994-2004 e, inicialmente amplificada pelo "boom das commodities" no período 2004-2010 ?
Cortamos gastos públicos num período de bonança para que nos antecipássemos a períodos difíceis adiante ?
Fomos intolerantes com controle da inflação ? Logo ela que nos fez perder a dignidade por longos e longos e longos 15-20 anos ?
Estamos em 2014........mais um ano "com final 4"......
Por toda a história contada acima, os "anos 4" têm sido decisivos, seja no contexto político, seja no econômico.
Tudo começa com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas em 1954.
Parece-me que o Brasil "desce a ladeira sem freio"......
Muita, mas muita coisa "fora do lugar"...
O Brasil é uma aberração no que tange ao "preço das coisas".......Em boa parte, por conta de pesados e insanos impostos que nos são empurrados "goela abaixo pra sustentar um Estado gastador, "mau gastador", pesado, inchado e nulo do ponto de vista de eficiência
Em grande parte, o país é uma aberração no que tange ao "preço das coisas" por conta de uma inflação que insiste em ficar "no teto da meta" por 3 anos seguidos, com a complacência e condescendência de um Banco Central, que deveria zelar pela moeda, e da autoridade maior da República, a Presidente da República.
Desde o preço de um salgado na esquina, até um porta-retratos na papelaria, não há razão "lógica" para que esses preços estejam nesse patamar face a renda média do trabalhador.
Convivemos com uma bolha imobiliária que torna, num simples e básico cálculo de aritmética, os preços dos imóveis completamente fora da realidade do trabalhador médio.
Some-se a isso, um iminente aumento da taxa de juros americanas no próximo ano.......1 ano após o fatídico "ano terminado em 4"........
Haverá uma rearrumação de ativos no mundo inteiro......
O Brasil é um "jogo de dominó"....tudo ali está delicadamente, perigosamente "arrumado"....
Basta um toque......uma mudança na taxa de juros americana pra que o "aparente arrumado" "jogo de dominó" "entre em colapso.
Estamos em 2014........num "ano de final 4".....
Infelizmente,não dá mais pra "voltar no tempo"......
Erros em política econômica nos cobram um preço.
Dá pra amenizar ou acentuar as incertezas de um futuro próximo
Mais uma vez, a virada do "ano 4" será decisiva para o Brasil.......
Esse é o titulo da matéria de Capa da Semana da Revista ÉPOCA.
Tem algo mais surreal na política do que o "personalismo" ?
Personalismos são o que há de pior no Regime Presidencialista.
Em sociedades arcaicas, com baixo nível cultural e educacional, e que apresentam democracias rasas e recentes, o personalismo se introduz no seu epicentro corroendo seus valores e pilares fundamentais.
A consequência é a pior possível
Passamos a depender e viver exclusivamente de mitos e "messias".
Exemplos na América Latina são muitos.
Na Europa, por apresentar governos majoritariamente parlamentaristas, os "mitos" e "messias" raramente são produzidos. E, quando o são, rapidamente são ejetados.
A República no Brasil tem pouco mais de 100 anos.
Nesse período, governos democráticos são mais recentes. Convivemos nos últimos 70 anos com a ditadura do Estado Novo, "não sem querer", produzida a partir de um governo "personalista" e messiânico como o de Vargas, o "Pai dos Pobres".
De forma efêmera, Juscelino Kubitschek nos proporcionou ares "menos midiáticos", sem, no entanto, retirar da liturgia da República o "personalismo".
A ditadura militar dos anos 60, 70 e boa parte de 80 "atrasa" a democracia brasileira e contribui para jogar a nossa recente República de volta para os "salvadores da pátria".
Fernando Collor de Mello, o primeiro Presidente eleito democraticamente após a ditadura militar, é o "caçador de marajás".
Ele era "diferente" de tudo que estava postado ali, naquele momento.
"Eu posso", eu "sou", "eu vou", atitudes inerentes ao famigerado e destrutivo "patriarcalismo" do Regime Presidencialista".
Não dialogava com os amplos setores da sociedade; o resultado não era muito dificil de prever. Instabilidade política que resultou no seu Impeachment.
Como o Brasil foi lançado para o fundo do poço, e ninguém quis "resgatá-lo", a bola sobra para um "acadêmico".
"Coitado" do "acadêmico"........
Paradoxalmente, a "República" é salva pelo "acadêmico".......sem populismos, sem "personalismo", sem "patriarcalismo", sem qualquer tipo de "ismo"....
Crises lá, cá, acolá, erros , acertos e, 8 anos depois, o Brasil sobrevive com um saldo pra lá de animador.
Mas, a sombra dos "ismos" da democracia latino-americana sempre à espreita estava lá.
Nascido, criado e alimentado no berço do sindicalismo brasileiro, o Partido dos Trabalhadores tem como seu principal articulador e líder, o novo "pai dos pobres", Luis Inácio Lula da Silva,
E, voltamos para o"personalismo" no ano de 2003.
E, nesse ponto, a nossa pobre e recente "República" é lançada para um dos mais espetaculares "booms" das commodities.
O preço do minério de ferro, uma das principais pautas de exportações do Brasil, sobe 400% entre 2004 e 2010, portanto, em apenas 6 anos.
Os preços das commodities, como um todo, sobem aproximadamente 300%.
É nesse contexto que o "mito" ganha força.
Como "tudo acaba" num dia, o "boom das commodities" não foi diferente.....os preços começam a ceder;, o "patriarcalismo" se lambuza em excesso e os desequilíbrios se intensificam.
A "corda começa a roer".........
A economia "vaza água" pra todos os lados.....
Mudanças são necessárias......o povo exige............
"Eu sou diferente de tudo que está aí"......"eu sou"....."eu posso"......."eu não dialogo com forças retrógradas"........
25 anos depois de Collor, 12 anos depois de Lula, a mensagem não mudou.......
"Marinar", "Marinou" significa isso......
"O que você pensa sobre "Economia"
"Qual sua coerência histórica ?"
"Qual sua coerência partidária ?"
"Qual sua direção econômica ?"
" Você dialoga ?"
Não interessa........
"Eu sou diferente de tudo que está aí"......"eu sou"....."eu posso"......."eu não dialogo com forças retrógradas"........
Isso é a pior face do Presidencialismo.........
Não vamos a lugar nenhum assim......ficaremos "rodando em círculos"...
Abaixo, resgato o meu texto de 10 de agosto de 2014, portanto escrito há 20 dias; 1 semana antes da trágica morte do ex-presidenciável Eduardo Campos.
Parece que eu "estava adivinhando"
http://pracompraroupravender.blogspot.com.br/2014/08/brasil1954-1964-1974-1984-1994-2004-e.html
Brasil...1954, 1964, 1974, 1984, 1994, 2004 e 2014....pontos de inflexão
Tudo começa no dia 05 de Agosto de 1954.
No dia 05 de agosto de 1954, o então jornalista Carlos Lacerda, e também principal opositor ao então Presidente da República do Brasil Getúlio Vargas, sofre um atentado na Rua Toneleros, em Copacabana, cidade do Rio de Janeiro.
A notícia se espalha "como um raio" e foi o estopim pra mais grave crise política pela qual o Brasil passou; 38 anos mais tarde, uma crise da mesma proporção teria inicio com o Impeachment do Ex-Presidente Fernando Collor de Mello.
Getúlio Vargas, que governava o Brasil pela segunda vez, já sofria uma pesada oposição de Carlos Lacerda. O atentado dá ao contexto político da época contornos dramáticos.
As consequências eram difíceis de prever, mas nada, e ninguém, imaginava o que viria adiante, mais precisamente naquele fatídico 24 de agosto de 1954; o suícidio do então Presidente da República, Getúlio Vargas.
O Brasil demora a retomar "seus dias normais"; as instabilidades política, social e econômica continuam, mas sopros de mudanças e esperança tomam conta do brasileiro quando Juscelino Kubitschek assume a Presidência em 1956.
ANO 1964
Pobre Brasil...
Os espasmos de esperança começam a sofrer novo revés quando o então Presidente da República, Jânio Quadros, renuncia ao cargo em 1961, abrindo espaço para o vice-presidente João Goulart, ou simplesmente "Jango".
A instabilidade política volta, Jango dá sinais ambíguos a todo momento e o Brasil revive o mesmo pano de fundo do ano de 1954.
O ápice é representado pelo dia 31 de março de 1964, apenas 10 anos depois do suicídio de Getúlio Vargas.
Os militares tomam o poder e, no dia seguinte, em 01 de abril de 1964, o "ex" Presidente João Goulart voa para o exílio.
Em 15 de abril de 1964, assume a Presidência da República o Marechal Castelo Branco.
A instabilidade política ainda permaneceria por um bom tempo e, em 13 dezembro de 1968, o "Ato Institucional número 5" concede poder ao Presidente da República para dar recesso às "casas legislativas", Congresso Nacional, Assembléias Estaduais e Câmara de Vereadores; assim como poder para cassar direitos políticos de deputados federais, estaduais e vereadores
ANO 1974
O Brasil entra a década de 70 mergulhado no que se convencionou chamar de "O Milagre Econômico Brasileiro".
A despeito de um momento político conturbado, a economia ia bem. Altas taxas de crescimento empurravam a classe média para o "paraíso".
Empréstimos externos vultosos eram tomados pra financiar obras gigantescas "Brasil" afora, como as polêmicas Usina Nuclear de Angra dos Reis e a "Transamasônica"
Tudo ia bem no início dos anos 70 se não fosse pela proximidade do "fatídico ano 4".
Ao final de 1973, tem-se inicio o "Primeiro Choque do Petróleo". O primeiro trimestre de 1974 marca o topo da crise, com o barril de petróleo atingindo o patamar de US$ 50, mais do que o dobro da média de US$ 18 do final dos anos 60 e início dos anos 70.
O ano de 1974 marca o início de um período sombrio para a Economia Brasileira.
As taxas de crescimento despencam; os vultosos empréstimos externos foram impactados fortemente pelo aumento das taxas de juros americanas, dada a pressão inflacionária que veio junto com o "choque", e a inflação brasileira, que, diga-se de passagem, vinha numa tendência declinante, volta a subir.
O Brasil viria a mergulhar num longo período de "escuridão" nos anos seguintes; nos planos político e econômico.
Vejam abaixo os 4 principais gráficos que refletem os momentos "pré e pós 1974"
1 - O barril de petróleo explode
fonte: macrotrends.net
2 - As taxas de juros americanas aumentam (aqui refletida nos títulos de 10 anos do Tesouro Americano)
Período 1972-1985
fonte: tradingeconomics.com
3- A inflação brasileira reverte a tendência de baixa no início de 1974; de "quase zero", chega a bater 15% ao mês em menos de 15 anos. No início dos anos 90, bate a inacreditável marca de 80% ao mês.
Inflação mensal BRASIL - 1939-2014
fonte: Banco Central do Brasil
4 - O PIB despenca nos anos seguintes a 1974; depois de atingir 13,97% de crescimento no ano de 1973, chega a atingir uma queda do PIB de 4,25% no ano de 1981
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 1984
10 anos se passaram da ressaca do "Milagre Econômico", e o Brasil ainda caminhava na escuridão.
No entanto, do lado político, novas esperanças sopravam. Os militares começaram a ceder já no final dos anos 70, mais especificamente ao longo do governo do Presidente João Figueiredo; a Lei de Anistia em 1979 é o primeiro passo.
Outros sinais também eram emitidos numa direção mais conciliatória do lado dos militares.
A pressão popular também "ajudava". Mas, ainda faltavam as eleições diretas para Presidente. O povo queria um presidente civil e eleito pelo voto "direto".
Vieram as "Diretas Já" em 1984........uma iniciativa que toma forma com a emenda "Dante de Oliveira".
Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas em São Paulo e no Rio de Janeiro para pedir "Eleições Diretas" para Presidente no início de 1984
Infelizmente, a "Emenda" é rejeitada pela Câmara dos Deputados.
Entretanto, os militares voltam a acenar positivamente ao cederem ao apelo popular e permitirem uma espécie de "transição política".
O novo Presidente seria eleito por uma votação "indireta"; agora, caberia ao Congresso, de forma indireta, por votação simples, eleger o novo Presidente da República, que tomaria posse em 1985.
2 nomes foram colocados para o Congresso.
Paulo Maluf e Tancredo Neves; esse último, o representante maior da oposição ao Regime Militar naquele momento.
Era em Tancredo Neves que o povo brasileiro "depositava todas as suas fichas" para um novo momento, político e econômico, a partir de 1985.
Tancredo Neves é eleito pelo Congresso (Colégio Eleitoral) em janeiro de 1985 ,
Um dia antes de tomar posse, é internado; não sairia mais do hospital.
Em 21 de abril de 1985, Tancredo Neves falece, e assume o Vice-Presidente José Sarney.
ANO 1994
10 anos de absoluta escuridão; esse foi o retrato do Brasil de 1984 a 1994.
O Brasil era um "doente" sob todos os aspectos.
Hiperinflação, com índices inflacionários, como já colocado, beirando os incriveis 80% ao mês, vários planos econômicos, vários cortes de "zero" na moeda pra "disfarçar" o "surrealismo" da situação; mudanças de moeda, congelamentos de preços, vários congelamentos de preços, caos nas finanças públicas, greves espalhadas por todos os segmentos econômicos.
Um país à deriva.......pra piorar, um calote na dívida externa brasileira em 1987, um "confisco" do "meio circulante" durante o Plano Collor em 1990, e um impeachment do Presidente da República Fernando Collor de Mello em 1992.
Eleições diretas para Presidente estavam marcadas para outubro de 1994.
Exceto uma "meia dúzia de gato pingado", o povo brasileiro já não dispunha de forças pra nada.....
Um país no fundo do poço e governado pelo "antes" Vice-Presidente Itamar Franco. Praticamente 2 anos para "empurrar" o país pra "sabe Deus onde" até as eleições de 1994.
Ainda assim, dentro desse contexto absolutamente negativo, o Brasil começa a ver uma "luz no fim do túnel".
O Presidente Itamar Franco convida o então Ministro das Relações Exteriores e Senador, Fernando Henrique Cardoso, para assumir a pasta do Ministério da Fazenda.
E as coisas começam a mudar......
Mais um ano com "final 4" se aproximava, e Fernando Henrique tinha vários nomes na "cabeça"......
Todos eles ligados a PUC-RJ e, muitos deles ligados ao PSDB, o partido de Fernando Henrique.
Fernando Henrique conhecia André Lara Resende e Pérsio Arida......e ambos já haviam escrito um paper chamado "LARIDA" para o meio acadêmico, lá em 1984 .....
Em essência, o paper rascunhava um mecanismo de combate a inflação brasileira por meio de uma "moeda virtual".
Era o "princípio" que nortearia a "URV", criada em 01 de março de 1994, e que iria se transformar no "REAL" em 01 de julho de 1994.
Com o Plano Real, a inflação brasileira praticamente evapora (Vide gráfico abaixo).
O Brasil ganhara um "bilhete premiado"........resgatávamos a nossa dignidade.....tínhamos uma moeda decente......que não desvalorizava.....poderíamos fazer orçamentos realistas......tabelas realistas....planejamentos realistas.......
Enfim........as esperanças se renovavam......
Inflação Brasileira - Mensal - período 1939-2014.......Plano Real marcado
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 2004
Com turbulências ao longo do caminho, Crise do México em 1994, Crise da Ásia em 1997, quebra do fundo de hedge LTCM em 1998, Crise da Rússia em 1998, o Atentado Terrorista de 11 de Setembro de 2001, tudo isso com uma desvalorização do câmbio em 1999, tornando-o "flutuante", não podemos dizer que o saldo de 1994 a 2004 tenha sido ruim.
A inflação continuava medianamente comportada, e isso ajudava no gerenciamento de outras variáveis macroeconômicas.
A Explosão das commodities.
Um componente de grande peso nas exportações brasileiras e vetor importante na dinâmica dessa economia.
Vejam no gráfico abaixo, fonte "FMI", a dinâmica das "commodties" entre 1980 e 2013.
A Linha em "azul" corresponde a "todas as commodities"
A Linha em "vermelho" corresponde aos "metais", aí incluso o minério de ferro, item de forte peso na pauta de exportações brasileiras.
gráfico criado a partir de dados "FMI" aqui disponíveis: http://www.imf.org/external/np/res/commod/index.aspx
O índice para "todas as commodities" sai de 50 no início dos anos "2004" para cerca de 200, 10 anos depois, um aumento de 4 vezes
O índice para "os metais" sai de 50 no início dos anos "2004" para cerca de 250, 10 anos depois, um aumento fantástico de aproximadamente 5 vezes
As reservas internacionais brasileiras explodem; saem de cerca de US$ 50 bi para US$ 375 bi nesses mesmos 10 anos
fonte: Banco Central do Brasil
ANO 2014
E o que fizemos nesses 10 anos ? O que fizemos com essa dinâmica positiva ?
Mudamos nossa matriz de exportações pra não dependermos mais dos eternos preços oscilantes e sazonais das commodities ?
Fomos "sócios" das indústrias para que elas aumentassem sua participação na economia, seja por exportações ou não ?
Fizemos uma Reforma Tributária pra que continuássemos com a inércia positiva que vinha de 1994-2004 e, inicialmente amplificada pelo "boom das commodities" no período 2004-2010 ?
Cortamos gastos públicos num período de bonança para que nos antecipássemos a períodos difíceis adiante ?
Fomos intolerantes com controle da inflação ? Logo ela que nos fez perder a dignidade por longos e longos e longos 15-20 anos ?
Estamos em 2014........mais um ano "com final 4"......
Por toda a história contada acima, os "anos 4" têm sido decisivos, seja no contexto político, seja no econômico.
Tudo começa com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas em 1954.
Parece-me que o Brasil "desce a ladeira sem freio"......
Muita, mas muita coisa "fora do lugar"...
O Brasil é uma aberração no que tange ao "preço das coisas".......Em boa parte, por conta de pesados e insanos impostos que nos são empurrados "goela abaixo pra sustentar um Estado gastador, "mau gastador", pesado, inchado e nulo do ponto de vista de eficiência
Em grande parte, o país é uma aberração no que tange ao "preço das coisas" por conta de uma inflação que insiste em ficar "no teto da meta" por 3 anos seguidos, com a complacência e condescendência de um Banco Central, que deveria zelar pela moeda, e da autoridade maior da República, a Presidente da República.
Desde o preço de um salgado na esquina, até um porta-retratos na papelaria, não há razão "lógica" para que esses preços estejam nesse patamar face a renda média do trabalhador.
Convivemos com uma bolha imobiliária que torna, num simples e básico cálculo de aritmética, os preços dos imóveis completamente fora da realidade do trabalhador médio.
Some-se a isso, um iminente aumento da taxa de juros americanas no próximo ano.......1 ano após o fatídico "ano terminado em 4"........
Haverá uma rearrumação de ativos no mundo inteiro......
O Brasil é um "jogo de dominó"....tudo ali está delicadamente, perigosamente "arrumado"....
Basta um toque......uma mudança na taxa de juros americana pra que o "aparente arrumado" "jogo de dominó" "entre em colapso.
Estamos em 2014........num "ano de final 4".....
Infelizmente,não dá mais pra "voltar no tempo"......
Erros em política econômica nos cobram um preço.
Dá pra amenizar ou acentuar as incertezas de um futuro próximo
Mais uma vez, a virada do "ano 4" será decisiva para o Brasil.......